8 de janeiro de 2008

Preguiça

-Amanhã eu faço, hoje estou com preguiça.


Era assim que respondia sempre Raísa quando alguém lhe designava uma tarefa. Baiana, budista e radicada em Matinhos, estendia a rede na varanda de sua casa à beira mar e só saía quando não havia outro jeito.


O telefone era sem fio, se ficava sem bateria, azar! A comida a empregada trazia e às vezes até o banho tinham que dar. Não havia jeito de fazê-la levantar para fazer exercícios ou dar um passeio. Trabalho então, oxi! Só de pensar já dava coceira, mas não coçava pois isso já era muito esforço.


Tudo que não é usado padece. Não foi diferente com Raísa. Certa madrugada choveu muito e o mar tornou-se revolto. Uma daquelas enormes ressacas que acontecem às vezes. A água subindo e nada dela levantar da rede. Quando literalmente a água bateu em sua bunda foi que ela notou a enchente. Mas já era tarde. Seus músculos, enfraquecidos pelo desuso, não conseguiram vencer a correnteza e Raísa foi arrastada para a morte.



Criado e postado originalmente em http://zoltrax.blogspot.com por NFL.

Um comentário:

Anônimo disse...

q triste...