20 de dezembro de 2007

Conhecendo do Consumo Consumista

Natal é época de festa, de alegria e celebração, não de consumismo. Não se consegue mais andar pelas ruas, que estão abarrotadas de sacolas se espremendo de um lado para o outro.


Este ano participei de um amigo secreto diferente. Nele cada um, ao invés de comprar presentes, deu algo seu ou feito por si ao amigo secreto. Foi muito bom, ninguém precisou comprar nada e os presentes foram muito mais significativos do que as tradicionais garrafas de vinho, cds, dvds e afins.


Para este natal já é tarde, pois você deve ter gasto grande porcentagem do seu décimo terceiro em presentes. Mas pense melhor ano que vem. Uma dica é você comprar uma pequena lembrança a seus entes queridos, nada que, na somatória total dos presentes, ultrapasse uma centena de reais.


Quer comprar um presente mais caro? Compre-o pra você! Faça esta data ser algo significativo ao invés de passar o ano todo se atolando em dívidas para comprar óculos, roupas, sapatos, etc. Viva simples. Gaste em cultura e diversão. Deixe para gastar com supérfluos apenas uma ou duas vezes no ano e aproveite a grana que você vai economizar durante esse período no qual deixou de gastar em lojas exploradoras, numa viagem, por exemplo.


Garanto que você nunca mais vai colocar seu cartão de crédito na carteira à toa.


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19 de dezembro de 2007

Natal

Como manda a tradição familiar em época de natal, Dona Elvira monta o pinheirinho e espalha cuidadosamente pelo jardim as lâmpadas amarradas a armações de arame, formando renas e Papai Noel num trenó. Nas árvores estrelas cadentes, no canteiro de flores duendes, ajudantes do bom velhinho.

A única diferença em relação aos anos anteriores é a ausência de seu esposo, Nicolau, que sempre a ajudara em tais tarefas; mas devido a uma pneumonia veio a falecer em Agosto. Era ele quem sempre pendurava as luzes nos galhos mais altos das árvores.

A velha senhora não se conforma com a partida do esposo. Pensa nele todos os dias, principalmente nesta época em que eles sempre viajavam para algum retiro ou, quando a situação exigia mais economia, para a casa de um dos filhos.

Eis que a octogenária toma grande susto, quando ao passar pelo jardim voltando do mercado, tem a impressão que uma das estrelas está mais alta do que quando ela a montara na véspera.

- Deve ser arte dessa molecada! - Pensa.

Outro dia se passou e mais uma estrela apareceu no exato ponto onde Seu Nicolau as montava.

- Ah, mas essa noite eu pego esses malandros!


À noite Dona Elvira pega sua manta e fica sentadinha atrás do canteiro das hortências, de onde é possível ver todas as árvores. Está quase cochilando quando nota uma das estrelas se movendo. Levanta de pulo, vassoura em riste e já pronta para escorraçar o marginalzinho, mas o que ela vê a paralisa: Um vulto branco! Só pode ser ele!


- Nico! - Exclama quase sem voz. - Que você está fazendo meu velho?


- Elvira, sua insana! - Grunhe o desencarnado Seu Nicolau. - Você não me deixa partir para o descanso. Não para de choramingar minha ausência. Por isso, hoje você vai comigo!


O corpo de Dona Elvira só foi encontrado na véspera de natal, pelos filhos que chegavam para a ceia. Ainda segurava rija a vassoura e olhava para a única árvore que tinha a estrela cadente colocada mais abaixo das outras.



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O Palco

O maior dos palcos é a vida, onde os fracos de espírito se escondem atrás de suas máscaras e tentam justificar suas vãs e vazias existências.


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Pernas Pra Quem Te Quero

Zé era homem trabalhador e pagador de suas dívidas. Desgraça era ter o nome incluído no serviço de proteção ao crédito e não poder mais abrir crediários nas lojas de Curitiba.

Sendo Zé devoto fiel de Nossa Senhora e católico fervoroso, não podia conceber o tamanho azar que assolava sua vida, pois em sua simples ideologia cristã, os justos herdariam o Éden.

Prova disso é seu derradeiro dia, onde, ao acordar, deparou-se com um dilema. A mulher o havia deixado para ficar com seu melhor amigo e, na maior ressaca, descobriu que a água fora cortada no dia anterior.

“Vou caminhar pelo centro.” Pensou o pobre, pois a visão dos transeuntes o acalmava.

Eis que ele caminhava pelo calçadão da rua XV quando deparou-se com inusitada situação. Um meliante acabara de saquear uma joalheria e, saindo em disparada fora abordado por um policial a paisana e este, ao dar a voz de prisão ao transgressor só o fez mais raivoso, a ponto de fazê-lo sacar seu trinta e oito e disparar contra a autoridade.

O problema foi a má pontaria do malandro que, ao investir contra o policial acertou o inoportuno Zé.

Desesperado e ferido no joelho ele gritou por socorro. Logo amparado por outros transeuntes e em seguida atendido pelos socorristas, foi encaminhado ao hospital Cajuru onde, por ser dia de semana e período vespertino, foi logo encaminhado a cirurgia.

Que sorte, não?

Ledo engano. O pobre foi atendido por um enfermeiro que se passava por médico e teve amputada a perna boa, ficando, devido ao ferimento, com eternas dores na perna restante e sem a perna boa que lhe daria apoio.

Disso podemos concluir apenas que desgraça pouca é bobagem!



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13 de dezembro de 2007

Apertadinho...

- Você está louca!?!?

- Não! Eu quero! por favor, faça!

- Mas não vai entrar, é muito apertado!

- Pare, vai dizer que você nunca quis?

- Eu quero, mas assim de sopetão é difícil!

- Não me venha com essa, põe logo aí!

- Mas amor, vai te machucar...

- Ai meu Deus! Já to perdendo a vontade.

- Calma, vamos ver se entra, se doer você avisa que eu paro.

- Tá bom, mas vai com vontade.

- Ajude-me então... certo... ai... tá entrando... calma que agora vai...

- Isso, assim, assim ai que bom!

- Mexa um pouco... Humm é legal mesmo...

- Ufa, pensei que nunca ia conseguir entrar nessa calça 38 que você me deu!



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11 de dezembro de 2007

Fabian

O difícil é conter a angústia. Aquela dor no estômago que, tal qual uma úlcera, é introduzida pelo gosto ácido formando o bafo daqueles que sofrem e agonizam em silêncio, fazendo os que estão próximos torcerem os narizes tentando deixar de sentir o cheiro acre que é exalado das bocas putrefas devido ao excesso de álcool e tabaco.

Pobre daquele que tenta inutilmente livrar-se da alcunha, dos pequenos vícios que o fizeram sucumbir ante a sociedade para tornar-se apenas mais um viciado, um junk sem lar, dormindo às marquises noite após noite, procurando por centavos para juntar os dez reais que o levam a próxima pedra de crack e para mais dois minutos de alienação deste mundo que só o faz sofrer.

Às vezes pensa que sua única saída é aceitar o convite daquela crente, que inutilmente tentou convencê-lo a assistir o culto e, quem sabe, ser libertado por alguma força divina do vício das drogas que o consomem.

Rapaz de família. Pai católico e mãe espírita. Nunca imaginaram-no jogado à sarjeta esperando por um motorista desavisado para que esse perdesse o som do carro, a ser trocado por uma bucha em um beco escuro esquina do Largo da Ordem.

Hoje infeliz, à beira do precipício, lembra das lições que recebeu e da moral que sempre teve. Percebe que não há mais saída a não ser terminar com tudo.

Joga-se então à frente do madrugueiro que passa em alta velocidade pela canaleta, acabando com a indescritível agonia. Não pelo que ele era, pois isso não importava, mas por ter se tornado a vergonha daquela família perfeita de classe média. E isso, o que restou de sua índole não podia admitir.



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5 de dezembro de 2007

Férias em Bariloche

Pedro, homem bom e trabalhador, marido exemplar. Teve a má sorte de casar-se com Anna. Talvez seja exagero chamar isso de azar, pois nem sempre foi assim; no começo Anna era simpática com todos seus amigos, participativa, cheia de amor.

No dia seguinte ao casamento que começou o martírio do rapaz. Já na noite de núpcias não puderam consumar o ato. Ao chegarem à suite do Bourbon, Pedro foi logo partindo para o ataque.

- Vem cá minha esposa, vamos agora comemorar só entre nós!

- Hoje não vai dar, estou “naqueles dias”.

- Humm, mas agora somos marido e mulher... que acha de fazermos aquilo que você há muito prometeu para nossa noite de núpcias?

- Melhor não – respondeu causticamente a mulher – tomei um laxante para caber no vestido! Também bebi demais hoje, estou com dor de cabeça.

A situação só fez piorar com o tempo. O homem deixou de jogar bola com os amigos, não aparecia mais nos churrascos e aniversários. Até a própria família ele deixou de visitar. Todos pensaram que fosse devido ao casamento recente. Mas com o passar dos meses começaram a desconfiar.

Lentamente os convites inúteis enviados ao casal foram cessando. Anna o mantinha em uma rédea curtíssima, era do trabalho para casa. Se quisesse jantar tinha que cozinhar, a calça rasgada era ele a remendar. Divórcio? Nem pensar, era até perigoso de morte ela ameaçar.

Estranhou muito quando ela o intimou - isso mesmo, a coisa era na base da intimação – a passarem uns dias em Bariloche, sonho de infância da esposa carrasca.

Uma semana depois volta Pedro, sozinho. Cabeça baixa, triste de dar dó.

Já naquela semana ele volta ao futebol com os amigos, ainda segurando a cara amarrada pelo abandono da esposa, é recebido pelo amigo que de nada sabia.

- Conseguiu um alvará então?

- Você nem sabe! - explica Pedro – Anna ficou em Bariloche. Me trocou por um artesão portenho e decidiu viajar com ele pela Argentina, os dois de carona.

E então o marido, considerado traído e abandonado pelos amigos, voltou a viver. Até ganhou um pouco de peso. Como lembrança da outrora querida eposa, ele guarda em casa apenas uma fotografia da cidade de Bariloche com o lago ao fundo. O Nahuel Huapi é hoje a morada de Anna, presa a uma pedra servindo de comida às carpas.



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2 de dezembro de 2007

Domingo

Que tarde feliz! Comemos uma maravilhosa quesadilha na feira, vi meu Furacão se classificar para mais uma competição internacional e o tal do curintia afundar até o inferno da segunda divisão.

Uma vantagem é a garantia de estádios lotados naqueles buracos onde os caras vão jogar durante o ano de 2008; mas a melhor coisa para todos os brasileiros é não sermos mais obrigados a assistir jogos desse time durante um ano. Ou será que a rede do plin-plin vai mudar o horário do futebol para continuar transmitindo?


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