5 de dezembro de 2007

Férias em Bariloche

Pedro, homem bom e trabalhador, marido exemplar. Teve a má sorte de casar-se com Anna. Talvez seja exagero chamar isso de azar, pois nem sempre foi assim; no começo Anna era simpática com todos seus amigos, participativa, cheia de amor.

No dia seguinte ao casamento que começou o martírio do rapaz. Já na noite de núpcias não puderam consumar o ato. Ao chegarem à suite do Bourbon, Pedro foi logo partindo para o ataque.

- Vem cá minha esposa, vamos agora comemorar só entre nós!

- Hoje não vai dar, estou “naqueles dias”.

- Humm, mas agora somos marido e mulher... que acha de fazermos aquilo que você há muito prometeu para nossa noite de núpcias?

- Melhor não – respondeu causticamente a mulher – tomei um laxante para caber no vestido! Também bebi demais hoje, estou com dor de cabeça.

A situação só fez piorar com o tempo. O homem deixou de jogar bola com os amigos, não aparecia mais nos churrascos e aniversários. Até a própria família ele deixou de visitar. Todos pensaram que fosse devido ao casamento recente. Mas com o passar dos meses começaram a desconfiar.

Lentamente os convites inúteis enviados ao casal foram cessando. Anna o mantinha em uma rédea curtíssima, era do trabalho para casa. Se quisesse jantar tinha que cozinhar, a calça rasgada era ele a remendar. Divórcio? Nem pensar, era até perigoso de morte ela ameaçar.

Estranhou muito quando ela o intimou - isso mesmo, a coisa era na base da intimação – a passarem uns dias em Bariloche, sonho de infância da esposa carrasca.

Uma semana depois volta Pedro, sozinho. Cabeça baixa, triste de dar dó.

Já naquela semana ele volta ao futebol com os amigos, ainda segurando a cara amarrada pelo abandono da esposa, é recebido pelo amigo que de nada sabia.

- Conseguiu um alvará então?

- Você nem sabe! - explica Pedro – Anna ficou em Bariloche. Me trocou por um artesão portenho e decidiu viajar com ele pela Argentina, os dois de carona.

E então o marido, considerado traído e abandonado pelos amigos, voltou a viver. Até ganhou um pouco de peso. Como lembrança da outrora querida eposa, ele guarda em casa apenas uma fotografia da cidade de Bariloche com o lago ao fundo. O Nahuel Huapi é hoje a morada de Anna, presa a uma pedra servindo de comida às carpas.



Criado e postado originalmente em http://zoltrax.blogspot.com por NFL.

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