18 de julho de 2008

Abdução

Acordo, abro os olhos e mesmo assim tudo continua escuro. Sinto que estou deitado no chão duro e frio, percebo apenas o vazio da escuridão e aquele forte cheiro sulfuroso que impregna o ar ao meu redor.

Não lembro de ter voltado pra casa, muito menos de ter caído da cama. Ei! Este não pode ser meu quarto, tenho um tapete ao lado da cama, mas no entanto estou deitado, sem camisa, no concreto.

Faço um supremo esforço para me sentar e eis que vem outra surpresa. Minha cabeça dói, apesar de abstêmio há meses essa é a maior ressaca de minha vida. Passo a mão pelos cabelos e percebo um corte atrás da minha cabeça que revela a origem de tamanha dor e tontura.

Levanto. Pelo menos deixaram minhas calças. Fui seqüestrado? Só pode! Muito foda essa onda de violência pela qual passamos ultimamente. Onde esse mundo vai parar? Ai! Dói muito, dói tudo. A cabeça inchada, o corpo rijo; devo ter passado horas deitado nesse chão.

A sala é pequena, tateando descubro três paredes e uma grade, deve ser a única entrada para este cubículo. Bato na grade, grito por socorro e nada, não ouço nenhum som externo, aqui dentro apenas o barulho da minha respiração e um zumbido interminável no meu ouvido.

Começo a me preocupar, as horas vão passando, tenho sede, tenho fome. Se fosse um seqüestro alguém já teria aparecido. Preciso fazer algo para manter a mente ocupada, estou pirando aqui dentro!

Deito no chão e começo a fazer flexões. O que é isso aqui? Uma caixa de fósforos... maravilha! Agora vou entender um pouco mais deste ambiente onde estou.

Dizem que a última coisa que você vê antes de morrer fica gravada na sua retina. Bom, essa é a impressão da minha:

Criado e postado originalmente em http://zoltrax.blogspot.com por NFL.

Um comentário:

Sidiney disse...

Achei que estava lendo Kafka, ledo engano. rss..